segunda-feira, 16 de novembro de 2009

PROFESSOR DA USP FALA DO ORKUT

O ORKUT apareceu como uma forma de contatar amigos, saber notícias de quem está distante e mandar recados. Hoje está sendo utilizado com o propósito de, creio ser o seu maior trunfo, obter informações sobre uma classe privilegiada da população brasileira.
Por que será que só no Brasil teve a repercussão que teve?

Outras culturas hesitam em participar sua vida e dados de intimidade, de forma tão irresponsável e leviana.. Por acaso você já recebeu um telefonema que informava que seus filhos estavam sendo seqüestrados?
Sua mãe idosa já foi seguida por uma quadrilha de malandros ?
Já te abordaram num barzinho, dizendo que te conheciam faz tempo?
Já foi a festas armadas para reencontrar os amigos de 30 anos atrás e não viu ninguém?

Pois é.. Ta tudo lá.
No ORKUT.

Com cinco minutos de navegação
eu sei que quantos filhos você tem, ou se não tem,
se tem namorado/a ,
sei que estuda no colégio tal, ou que trabalha em tal lugar,
sei que freqüenta tais cinemas, tais bares, tais festas ....
sei nome de familiares, sei nome de amigos;
sei sei sei !

E o melhor de tudo, com uma foto na mão!
Identifico seu rosto em meio a multidões, na porta do seu trabalho, no meio da rua.
Afinal, já sei onde você está.
É só ler os seus recadinhos.

Faço um pedido:

Quem quiser se expor assim, faça-o de forma consciente e depois não lamente, nem se desespere, caso seja vítima de uma armação.

Mas poupe seus filhos, poupe sua vida Íntima.

O bandido te ligou pra te extorquir dinheiro também porque você deixou..

A foto dos meninos estava lá.. Teu local de trabalho tava lá.

A foto do hotel 5 estrelas na praia tava lá.

A foto da moto que está na garagem estava lá.

Realmente somos um povo muito inocente e deslumbrado.

Por enquanto, temos ouvido falar de ameaças a crianças e idosos.

Até que um dia a ameaça será fato real. Tarde demais.

Se você me entendeu, ótimo!

Reveja sua participação no ORKUT, ou ao menos suprima as fotos e imagens de seus filhos menores e parentes que não merecem passar por situações de risco que você os coloca.

Oriente seus filhos a esse respeito ,pois colocam dados deles e da família sem pensar em consequências, fazem isso pelo desejo de participar, mas não sabem ou não pensam no perigo de se dar dados pessoais e da família para que qalquer pessoa veja.

Se acha que não tenho razão, deve se achar invulnerável.

Informo que pessoas muito próximas a mim e queridas já passaram por dramas gratuitos, sem perceber que tinham sido vítimas da própria imprudência.

A falta de malícia para a vida nos induz a correr riscos desnecessários. .
Não só de Orkut vive a maioria dos internautas.

Temos uma infinidade de portas abertas e que por um descuido colocamos uma informação que pode nos prejudicar.

Disponibilizar informações a nosso respeito pode se tornar perigoso ou desagradável.

Portanto, cuidado ao colocar certas informações na Internet.
Não conhecemos a pessoa ou as pessoas que estão do outro lado da rede.
O papo pode ser muito bom, legal.

PS:
Passe a todos que você conhece e que utiliza o Orkut, 1Grau, Gazzag, NetQI, Blogs, Flogs, etc..... para que todos tenhamos consciência sobre o assunto e possamos colaborar com a diminuição do crime.

Um abraço,
Marco André Vizzortti
Professor de Informática da USP

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

BOA PEDIDA

O Núcleo de Artes Visuais da Fundação Cultural Capitania das Artes tem o prazer de convidá-lo(a) a participar do FALA SÉRIO, cujo palestrante será o artista plástico Vatenor. O evento acontecerá no dia 10/11/09, às 10:00h, no Auditório da FUNCARTE.

Cordialmente,

Sanzia Pinheiro Barbosa
Chefe do Núcleo de Artes Visuais da FUNCARTE
Endereço: Av. Câmara Cascudo, 434 - Centro - CEP 59025-280 - Natal-RN.
Tel: 3232-4599

sábado, 7 de novembro de 2009

CÁ “ENTRE NÓS”

Francisco Alves da Costa Sobrinho

Quem assistiu sabe que não é dança o que viu, pois trata-se de uma obra que não se reduz a uma evidencia meramente racionalista. Portanto, o espetáculo, de dança buscando a vida, dança e circunstância, dança e indagação, cumpre a função de trazer ao público uma estética distinta, ao relevar a natureza e a finitude do homem. A dança (arte) como testemunha e caminho de autoconhecimento, sem a preocupação de revelar ou incorporar conceitos. Neste ato de (des)dançar notam-se (percebem-se?) transformações e demolições que ocorrem nos espaços, fissurando-os, rompendo-os. É um espetáculo visceral, incomodante, de atrevida plasticidade, mesmo assim feito com desenvoltura, desinibição, fluidez, vibrações, beleza plástica.

“Entre nós”, assume, também, o conflito entre a palavra, as formas de expressá-la e a voz. Assim sendo, tenta fazer falar o dançarino, cuja mudez atávica atravessa o tempo. Coloca timbres de vozes nas gargantas e nos corpos dançantes, a palavra gutural, retorcida, aprisionada, por vezes onomatopeica, dando-lhes expressão vocal, buscando uma outra voz, conflitante, feita de pulsações e respirações. Não há a quarta parede, aquela dimensão estranha que nada significa além da forma, mas percebem-se (percebe-se?) paisagens interiores cheias de segredos – revelações. Talvez o fruto/resultado de uma estranha cumplicidade entre eles, os fazedores do espetáculo, e nós, de cá, os ofegantes, herdantes extasiados.

Feito de muita prática, exercicios bioenergéticos e do-ação, este é um espetáculo de arte a favor da amorosidade, da expressão pela afirmação do afeto, busca de amor e completude, (des)construção que consegue sintetizar formas, juntar visão e coração, num amontoado de discussões, questionamentos, lembranças, onde ninguém ilumina a cena para dirimir o conflito que não se resolve porque restam muitas duvidas.

CENA ABERTA:

Espetáculo (Dança): ENTRE NÓS

Grupo de Dança do Espaço Vivo

Jornalista Jean Wyllys e Compositor Marcelo Yuka no PSOL

O Presidente do PSOL do Rio de Janeiro, o sociólogo Jefferson Moura, informa que foi com grande satisfação que o Partido Socialismo e Liberdade recebeu as filiações destas duas referências de nível nacional: Marcelo Yuka e Jean Wyllys.
Marcelo Yuka, ex-baterista do grupo O Rappa, vitimado pela violência do Rio de Janeiro, participa há muito tempo de movimentos sociais, inserido nas lutas do povo pobre, sistematicamente marginalizado e criminalizado por uma política de segurança pública ineficiente, baseada no confronto, que custa vida de trabalhadores brasileiros honestos.
Jornalista Jean Wyllys, sempre participou de movimentos sociais. Na adolescência, foi representante da esquerda católica, através do movimento pastoral (Pastoral da Juventude Estudantil e Pastoral da Juventude do Meio Popular). Depois, já como jornalista, atuou em defesa dos Direitos Humanos e em favor da causa homossexual.
Ele filiou-se ao PSOL, cuja personalidade maior é Heloísa Helena, por quem nutre grande admiração. Após vários encontros e conversas, surgiu nele a vontade de se filiar ao partido, muito mais para fazer política no coletivo e nas bases do que visando candidatura. Afirma ainda que não divulgou sua filiação em seus meios de comunicação (blog, colunas de jornal...) justamente para que não fosse confundida com oportunismo, para que não se achasse que ele é mais um famoso, usado por partidos ou na busca de mais status. Jean é jornalista em atividade, professor em duas universidades bastante respeitadas, escritor com três livros publicados, é um intelectual engajado. Até agora nada foi deliberado sobre as possíveis candidaturas de Jean Wyllys e Marcelo Yuka.

Mais informções:
Jefferson Moura (21) 9369-7604
Dia da Consciência Negra/Ou seria o Dia de Ter Consciência com os diferentes... seja quem for?!?!?
...A QUESTÃO NÃO É SERMOS TODOS IGUAIS...... A QUESTÃO É RESPEITARMOS AS DIFERENÇAS...
"Todo brasileiro, mesmo o alvo, de cabelo louro, traz na alma, quando não na alma e no corpo, a sombra, ou pelo menos a pinta, do indígena ou do negro"...Paulo Freire...

Bahia e França buscam soluções para economia da cultura

Como parte das atividades do “Ano da França no Brasil”, a Bahia irá sediar seminário internacional que debaterá mecanismos de financiamento às atividades culturais e estratégias de desenvolvimento da Economia da Cultura. Entre os dias 9 e 10 de novembro, gestores públicos, profissionais e universitários se reunirão durante os “Encontros Malraux” (a pronúncia correta é "malrrô"), idealizado pelo governo francês, que acontecerá no auditório do Sebrae (Aflitos), em Salvador, com o tema Economia da Cultura e as Políticas de Apoio às Indústrias Culturais.

Por iniciativa dos parceiros locais - Secretaria da Cultura, Desenbahia e Sebrae -, Bahia e França buscam também soluções para a rede audiovisual baiana. Entre os temas que serão debatidos estão as políticas de fomento ao audiovisual na França, o desenvolvimento das indústrias culturais face às novas tendências de consumo cultural e as políticas econômicas das industrias culturais francesas na era digital.

O evento reforça a importância do intercâmbio do conhecimento para enfrentar as demandas contemporâneas da cadeia produtiva cultural.

Confira, em anexo, a programação completa.

Serviço

O quê: Encontros Malraux

Tema : Economia da Cultura e as Políticas de Apoio às Indústrias Culturais

Quando: 9 a 10 de novembro de 2009

Onde: Auditório do Sebrae (Rua Horácio Cezar, nº 64, Aflitos, em Salvador)
Quanto: Grátis

Informações e inscrições:

0800 570 0800

relacionamento.sebrae@ba.sebrae.com.br

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

O povo Mapuche segue em luta

Por Elaine Tavares – jornalista

Pouca gente sabe, mas existe um povo que nunca foi conquistado pelos espanhóis aqui na América Latina. Com a chegada dos brancos europeus, civilizações complexas foram dizimadas, estados foram destruídos, nacionalidades extintas. Mas, o povo que habitava as margens dos rios Biobío e Toltén, no que é hoje o sul do Chile, nunca se deixou vencer, nem mesmo pelos incas que, antes da dominação espanhola, também chegaram a conformar o império do Tawantinsuyo.

Ao longo de 300 anos de invasão européia, este povo guerreiro enfrentou com valentia e audácia a fúria dos espanhóis até ser reconhecido como um estado autônomo dentro do imenso território conquistado. São os Mapuche, palavra que designa “gente da terra”, na língua mapudungun. Nestes séculos todos em que reinaram Espanha e Portugal aqui por estas terras, os mapuche resistiram altivamente a qualquer investida, chegando a usar, com sucesso, táticas de espionagem bastante eficazes. Além disso, incorporaram as novidades das forças produtivas inimigas para fortalecer a sua defesa.

Pois esta gente única, hoje segue em pé de guerra, agora contra o estado chileno que tem atuado como opressor e também contra as transnacionais que invadem seu território. Nunca vencidos, os mapuche enfrentam com a mesma dignidade ancestral, os novos desafios que se apresentam. Saber da sua história é o primeiro passo para compreender suas demandas político/econômico/culturais e adentrar pelas intricadas trilhas de Abya Yala (nome dado pelos originários ao que os brancos chamam de América Latina).

Luan-Taru – o grande herói mapuche

Assim que desembarcaram na parte leste do que hoje é América do Sul os espanhóis iniciaram suas guerras de conquista e destruição, derrotando primeiramente os incas. A região mapuche, mais ao sul, logo passou a ser também espaço da cobiça. Muitas foram as batalhas entre eles e os invasores. Numa dessas escaramuças, em 1546, um menino mapuche, filho do lonko (guia do povo) local, foi capturado pelas tropas inimigas. Seu nome era Luan-Taro, de luan (guanaco) e de taro (conhecida ave de rapina da região), que na língua mapundungun queria dizer “veloz”. Ele tinha pouco mais de 11 anos e foi levado para servir ao comandante Pedro Valdívia. Durante muito tempo participou das batalhas, cuidou dos cavalos, fez-se ginete e aprendeu táticas militares. Por não saber pronunciar direito seu nome os espanhóis o chamaram Lautaro. Seus olhos escuros observavam todas as atrocidades que as tropas de Valdívia cometiam contra seu povo. Ele se fazia mudo e aprendia mais e mais.

No ano de 1552 Luan-Taru montou num cavalo e deu de rédea pelo campo afora. Os espanhóis não fizeram caso, era só mais uma fuga de “índio”. Só que este não iria apenas escapulir e sumir da vista dos espanhóis. Ele imediatamente se apresentou diante dos chefes mapuche e ofereceu-se para ensiná-los a lutar. Mostrou o cavalo – até então desconhecido pelos originários – ensinou a montar e a tal ponto que os mapuche tornaram este animal quase como uma parte do seu ser. Usaram a vantagem do inimigo a seu favor, transformando-se em centauros, quase invencíveis sobre o cavalo. Luan-taru ainda os ensinava a lutar em campo aberto, introduzia novas armas, mostrava as técnicas de guerra aprendidas com os espanhóis e usava cada uma delas para enfrentá-los em pé de igualdade. Tamanha foi a liderança deste jovem mapuche que em pouco tempo era escolhido como o Toqui (chefe máximo na guerra).

Tornado líder das batalhas, Luan-taru ensinou a técnica do batalhão, da retirada estratégica e ainda criou um eficaz sistema de espionagem que envolvia crianças, velhos e mulheres. Eles eram introduzidos no contexto espanhol como traidores do povo mapuche, loucos, bêbados ou servos e, fingindo não entender o idioma, arrebanhavam informações importantes que eram repassadas por um também engenhoso sistema de sinais enviado através dos ramos das árvores. Foi por conta da sabedoria militar de Luan-taru que o próprio Valdívia caiu prisioneiro dos mapuche pouco tempo depois. Sob a liderança do jovem Toqui, os mapuche enfrentaram por anos, sem fraquejar, as tropas espanholas. A palavra de ordem que movia as gentes era o seu grito de guerra: “Adiante, mapuches, vamos tomar Madrid”. Ele não chegou a Madrid, mas tampouco foi vencido em batalha. Sua morte se deu num acampamento perto do Rio Maule. Luan-taru descansava nos braços da sua mulher, Guacolda, numa tenda de campanha. Emboscado por uma pequena tropa liderada por Francisco de Villagra, ele foi surpreendido e transpassado por uma lança, no ano de 1557. O jovem Toqui encantou, mas a luta mapuche não acabou. Como um verdadeiro mestre ele havia ensinado seu povo, e a resistência seguiu pelos 300 anos afora.

Os mapuche e o estado chileno

A luta do povo Mapuche não foi em vão. Diante de um continente dominado, a Espanha obrigou-se a aceitar a autonomia desta nacionalidade, sendo traçadas, inclusive, fronteiras territoriais bem claras. O “wall mapu”, território e também espaço sagrado dos mapuche, permaneceu intacto até que chegaram as guerras de independência. Durante este processo os mapuche foram, por várias vezes, mostrados como exemplo, inclusive por Bernardo O´Higgins, um dos grandes heróis da independência do Chile, que falava fluentemente o mapudungun. Mas, com o passar do tempo, e já sem a presença de O´Higgins, a nação mapuche teve de enfrentar a saga capitalista que começava a se expressar nos estados-nacionais criados pós independência. Depois de uma década de conflitos, estabelece-se o conservadorismo no Chile, e os ideais de Bolívar são esquecidos. Descobre-se a riqueza do cobre e do trigo. Em 1861 o liberalismo se instala e duas décadas depois havia “modernizado” o país a partir da exploração do cobre e do salitre. Neste período inicia-se uma campanha agressiva de “nacionalização” do Chile, e a proposta era a de incluir todas as diferenças no conceito único de “chileno”, daí o processo que ficou conhecido como “pacificação da Araucanía”, região onde viviam quase duzentos mil mapuche.

Este foi um período conturbado, com inclusive a presença de um francês na área do Arauco, que havia se autoproclamado rei. Aquele era, portanto, um espaço conflagrado e o governo decidiu iniciar um trabalho de colonização, criando cidades, abrindo estradas, levando escolas e hospitais. Mas, neste movimento, a república chilena jamais reconheceu os mapuches como um povo autônomo, que tinha sua própria cosmovisão e sua forma original de organizar a vida. Considerava-os “araucanos”, simples moradores daquele espaço de terra e acreditava que todos deveriam se unificar sob a mesma bandeira. Não houve conversa nem respeito.

Neste meio tempo, em 1879 o Chile trava com a Bolívia a Guerra do Pacífico, por conta das minas de salitre. O ouro branco era responsável por quase 75% dos ingressos financeiros do país. . Não bastasse isso, se registrou a existência de ouro nas terras do sul, o que tornou ainda mais aguda a ocupação do território mapuche. Assim, a chamada pacificação acabou sendo uma guerra suja e significou justamente a invasão do “wall mapu” por hordas de aventureiros e de colonos enviados pelo governo que tomavam terra, gado e expulsavam violentamente as famílias. Então, aproveitando que o exército nacional estava envolvido na guerra do pacífico, os mapuche se levantaram em rebelião. Mas, com o fim da guerra com a Bolívia, o exército voltou seus olhos para a região mapuche e recomeçou a ocupação. Durante muito tempo o povo resistiu, mas no ano de 1881 os mapuche foram finalmente vencidos e incorporados à república chilena, perdendo o estatuto de comunidade autônoma. A partir daí os originários foram colocados em “reduções”, e suas terras ancestrais passaram para as mãos dos colonos brancos enviados para “civilizar” um espaço territorial que desde os tempos imemoriais estivera sob o domínio do povo mapuche. Este mesmo processo de colonização também foi encaminhado no lado argentino, para onde se estendia o wall pamu.

A resistência mapuche

Desde a derrota diante do exército chileno em 1881, os mapuche seguiram resistindo na intenção de recuperar seu território, porque para este povo, o território não é apenas a terra. Ele significa uma unidade física e cosmológica, onde coabitam seres humanos, bichos, matas, rios, deuses, enfim, é muito mais do que a idéia de propriedade privada imposta pelo capitalismo. No vídeo “El despojo”, fala um mapuche: “Os deuses habitam esse lugar, e nós nos sentimos protegidos pela paisagem. O território não é só terra, é herança cultural. Da terra vem a araucária, que nos foi dada por deus, dela vem o pinhão que recolhemos e que nos permite viver. É nossa riqueza”. Há uma relação profunda entre a vida mapuche e os deuses que habitam o wall mapu. “Eles se comunicam através do sonho e assim nós sabemos se o verão vai ser bom se a colheita será farta, se o inverno vem rigoroso”. Sem wall mapu os mapuche perdem essa ligação. Um pouco da compreensão desta realidade foi conseguida durante o governo de Salvador Allende, que iniciou um processo de Reforma Agrária no qual respeitava a lógica mapuche de organização da vida, fincada na comunidade. Mas, a ditadura militar chilena, que inicia em 1974, com o golpe liderado por Augusto Pinochet, promove mais uma divisão das terras comunitárias que se havia conseguido ao longo dos anos de luta. Não bastasse isso, a região da Araucanía, a exemplo do que passou a acontecer também no sul do Brasil, se transforma em espaço da plantação do pinus, matando as araucárias. E as personagens nefastas que vão tomando conta da terra mapuche são as transnacionais do campo do reflorestamento. Heresia pura. A terra que dá o pinhão, a unidade sagrada, é rompida em nome do lucro e da “plantation”.

Em resposta a essa política da ditadura a luta mapuche se organiza de forma mais orgânica e começam os movimentos pela recuperação do território e pela auto-determinação que eles lograram manter ao longo de mais de 300 anos, em pleno domínio espanhol. Nos anos 90, com a instituição do Aukin Wallpamu Ngulam (Conselho de Todas as Terras – espaço de organização e governo do povo mapuche) esta nacionalidade inaugura nova onda de mobilização com a ocupação das empresas transnacionais de reflorestamento e de energia, incêndio das plantações, passeatas, ocupações de prédios públicos. Uma reação radical que os coloca hoje sob a Lei de Segurança Nacional e os denomina “terroristas”. O estado chileno, sob o comando de uma ex-ativista de esquerda, sequer deu fim a esta lei arbitrária da ditadura de Pinochet. Os militantes mapuche, quando presos em algumas destas ações que visam a recuperação e a proteção do seu território, são presos como bandidos e ainda está longe de o estado chileno compreender a dimensão do que seja a nacionalidade mapuche e o que significa para esse povo manter seu espaço original.

A luta hoje

Conforme conta o professor de história e militante da causa mapuche, Bóris Ramírez, a luta hoje está amparada em três grandes eixos: recuperação do território ancestral, autodeterminação e fim da discriminação pelo Estado. E o que se vê no sul do Chile é um enfrentamento entre o estado e o povo, num contexto de completa militarização da região da Araucanía e criminalização do movimento, no qual os mapuche em luta são presos, torturados ou assassinados sob a denominação de “terroristas”. É a completa inversão da história. Aqueles que são os donos da terra – que foram roubados e espoliados – são os que agora se tornam os vilões por quererem de volta o que sempre lhes pertenceu. Mas, no Chile, o racismo é uma doença endêmica e só agora, com as lutas do povo mapuche avançando para dentro das cidades, onde estão muitos dos membros desta nacionalidade, é que este tema começa a ser desvelado. Desde os tempos da chamada “pacificação” os winka (os brancos) consideram que é legítimo colonizar as terras dos “índios”, porque, afinal, para eles, aquele povo que se manteve autônomo por tanto tempo nesta América dominada, não deve nem ser humano. “O racismo é uma coisa bem séria no Chile. Custa muito reconhecer a mestiçagem, e há muita discriminação contra peruanos e equatorianos. É uma contradição porque na escola se usa muito a história dos mapuche como um povo guerreiro que resistiu ao império espanhol, mas, por outro lado, essa imagem fica só no passado. Hoje, os mapuche são apontados como bêbados, vadios e sequer são reconhecidos como cidadãos chilenos, uma vez que qualquer ação deles não é julgada pela lei ordinária, e sim pela Lei de Segurança Nacional”, conta Bóris.

Outra contradição é que o governo finalmente assinou o Convênio 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que define os direitos dos povos originários e de outros grupos que se constituem uma identidade própria, como os quilombolas, mas apesar disso segue tratando os mapuche como bandidos. “Seria necessário uma redefinição constitucional para que esta questão se resolvesse pelo menos do ponto de vista do direito. Porque a Constituição chilena não os reconhece como um povo originário, que tem direito a autodeterminação”.

Reconhecidos ou não pelo governo chileno, para os mapuche a luta segue. E, hoje, o que era uma batalha dentro das fronteiras do estado-nação, já tomou outras dimensões. Os principais embates da nacionalidade mapuche são contra as grandes empresas florestais e a as hidrelétricas, a maioria propriedade de empresas estrangeiras, uma vez que no Chile, o processo neoliberal foi levado às últimas consequências. Então, a luta assume proporções gigantescas porque o enfrentamento é com o próprio capital, que se expressa ali na região através destas empresas cujos donos estão em lugares não sabidos. Não é sem razão que, praticamente todos os dias, tenha algum mapuche sendo preso ou assassinado. É a razão da força se impondo tal qual nos tempos coloniais.

As relações com os demais movimentos sociais

A luta dos mapuche até bem pouco tempo era uma coisa meio fechada, resolvida entre eles. Pudera, fica difícil confiar nos winka (brancos). A própria esquerda também tem visões muito diferenciadas sobre a questão indígena. Há quem defenda a integração, outros a “guetização”, o que torna o diálogo bem mais difícil. O novo movimento originário que se expressa em Abya Yala com mais vigor desde o final dos anos 80 não quer mais este paternalismo fingido que vigorou por décadas nos países, com os originários sendo tutelados em reservas, e também não querem essa proposta de “branqueamento” que se expressa na idéia de “integração”. Os originários querem o direito de viver nas suas terras, de acordo com sua cultura e seguindo outras formas de organização da vida. Daí a proposta dos estados plurinacionais, que em nada quer dizer separatismo como querem fazer crer os racistas que não aceitam a idéia de que um povo possa ter mantido ao longo de todos estes anos sua identidade originária.

No Chile, hoje, os mapuche já conseguiram sair de suas fronteiras e estabelecer parcerias políticas. Vários movimentos sociais apóiam a luta originária e nos episódios de prisão ou assassinato, se manifestam, dão suporte e denunciam internacionalmente. Além disso, participam ativamente das marchas e protestos que o povo mapuche organiza para se fazer visível a um país que insiste em não reconhecê-lo. Mas, segundo Ramírez, esta parte da esquerda organizada ainda é muito pequena no Chile, embora contribua muito ao levar a discussão para o reduto winka.

A organização dos mapuche avança agora no rumo da Argentina, o que torna o assunto ainda mais complexo, por sair das fronteiras do estado-nacional. É que a região de Neuquén, no país vizinho, faz parte do território ancestral, o wall mapu, e os mapuche que ali vivem igualmente se sentem parte da mesma nacionalidade. Não é à toa que esta aproximação seja vista como um “perigo” pelos governantes dos dois países, incapazes de compreender a nova configuração do mundo abyayálico. Os povos originários não entendem o mundo como um espaço esquadrinhado artificialmente pelo povo conquistador. Eles vivenciam seu território como espaço unitário de corpo/terra/espírito/deuses. As fronteiras são outras. E a proposta de autodeterminação é a única possível para estas nacionalidades que se encontram firmemente organizadas num tronco comum de cultura. Eles não buscam se separar do estado-nação onde estão fincados, mas exigem que este estado os reconheça como nacionalidade autônoma, capaz de gerir seus destinos e também de atuar em sintonia com os interesses de todo o povo chileno e argentino. Entender isso é dar um passo para o futuro. A América Latina não pode mais ser a mesma que foi fundada hegemonicamente pelos criollos com as guerras de independência. Assim como muitos estados-nação estão refundando suas repúblicas, tais como a Venezuela, o Equador e a Bolívia, também o continente precisa se refazer. Abya Yala reclama seu lugar. E o povo mapuche está fazendo sua parte nesta nova conformação. Das entranhas da Araucanía ouve-se o grito mapuche de Luan-taru e todos os outros heróis tombados: pulchetun... pulchetun... Esta palavra, na língua dos “hombres de la tierra”, quer dizer: faça deslizar a flecha mensageira. E lá vai ela, rasgando as fronteiras, constituindo a terra do esplendor.

www.iela.ufsc.br

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

PRA QUEM QUER SE CANDIDATAR A UM EMPREGO PÚBLICO

Concursos públicos oferecem 311 vagas
(Enviada por Vanda Lucas)

Cinco grandes concursos públicos em vários estados brasileiros oferecem oportunidades para candidatos de todos os níveis de escolaridade, com salários de R$ 914,04 até R$ 9.105.
Formação de cadastro reserva e mais 311 novas vagas foram abertas em cinco grandes concursos públicos para candidatos de todos os níveis de escolaridade. Os salários chegam a R$ 9.105 para o cargo de agente de desenvolvimento industrial da Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial, com exigência de ensino superior. As chances são para formação de cadastro de reserva nas áreas de controle interno (auditoria), portal inovação, projetos internacionais de integração produtiva e cooperação industrial, projeto análise econômica e redes. A seleção, que será realizada em Brasília, será dividida em comprovação de pré-requisitos, prova objetiva e estudos de caso, prova oral e avaliação de títulos.
Remuneração atraente também para o cargo de nível superior de agente da fiscalização financeira na área de informática do Tribunal de Contas de São Paulo. Os aprovados para a função, dividida entre as áreas de suporte técnico, produção e banco de dados, redes, telecomunicações e segurança e suporte de web, receberão salário de R$ R$ 7.199,36. Para concorrer, os interessados devem comprovar graduação no curso de computação e informática e, pelo menos, dois anos de experiência profissional na área de atuação desejada. Já para o cargo de auxiliar da fiscalização financeira, com remuneração de R$ 2.967,81, é necessário nível médio ou técnico completo com habilitação em informática. Todos os inscritos passarão por provas objetivas que serão realizadas apenas na cidade de São Paulo.
Ainda para a capital paulista, o Tribunal de Justiça lançou edital com oferta de 30 vagas de nível médio para o cargo de agente de fiscalização judiciária com salário previsto de R$ 2.127,38. Os inscritos passarão por prova objetiva e, se aprovados, ainda receberão auxílio alimentação, saúde e transporte. Estudantes de curso pré-vestibular e superior e candidatos desempregados ou que comprovem renda mensal inferior a dois salários mínimos terão direito a redução de 50% da taxa de inscrição no valor de R$ 39. Para isso devem solicitar o benefício entre 9 e 11 de novembro no site da organizadora Vunesp.
Grande parte das oportunidades é destinada ao Ministério Público do Paraná, que abriu 184 vagas com remuneração entre R$ 914,04 e R$ 5.258,73. Os interessados podem entrar na disputa pelos cargos de analista de sistemas, assistente social, auditor, administrador, assessor jurídico, engenheiro florestal, químico, arquivista, programador analista, programador, auxiliar técnico, técnico em informática, técnico de suporte, auxiliar administrativo, agente de serviços gerais, recepcionista, telefonista, motorista e oficial de promotoria. A seleção será dividida entre provas objetivas para todos os cargos, provas dissertativas para candidatos de nível médio e superior e redação para níveis médio e fundamental.
Candidatos de níveis médio e superior ainda têm outras 82 oportunidades de investidura no serviço público abertas pelo Departamento de Obras Contra as Secas. Do total, 36 vagas são para o cargo de agente administrativo (nível médio) e as demais para nível superior nas funções de administrador (30 vagas), contador (5), economista (5) e engenheiro (6). Todos os inscritos passarão por provas objetivas e de redação que serão aplicadas, no dia provável de 17 de janeiro, somente em Fortaleza (CE).

Mais chances
TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO (TJSP)
Vagas: 30
Cargo: agente de fiscalização judiciária
Inscrições: entre 9 de novembro e 11 de dezembro no site www.vunesp.com.br
Salário: R$ 2.127,38 mais auxílio alimentação, saúde e transporte
Taxa: R$ 39
Prova: 24 de janeiro de 2010

TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO DE SÃO PAULO
Vagas: 15
Cargos: de nível médio-técnico e superior
Inscrições: até 8 de dezembro no site www.concursosfcc.com.br
Salário: varia de R$ 2.967,81 a R$ 7.199,36
Taxa: R$ 61,37 (médio-técnico) e R$ 96,37 (superior)
Prova: 31 de janeiro de 2010

MINISTÉRIO PÚBLICO DO PARANÁ
Vagas: 184
Cargos: de nível fundamental,
médio e superior
Inscrições: até 29 de novembro no site www.esppconcursos.com.br
Salário: de R$ 914,04 a R$ 5.258,73
Taxa: varia de R$ 60 a R$ 80
Prova: 10 de janeiro de 2010

DEPARTAMENTO NACIONAL DE OBRAS CONTRA AS SECAS
Vagas: 82
Cargos: de nível médio e superior
Inscrições: até 19 de novembro no site www.concursosfcc.com.br
Salário: varia de R$ 2.067,30 e R$ 2.643,28
Taxa: R$ 48 (nível médio) e R$ 63
( nível superior)
Prova: 17 de janeiro de 2010

AGÊNCIA BRASILEIRA DE DESENVOLVIMENTO INDUSTRIAL (ABDI)
Vagas: formação de cadastro reserva
Cargos: agente de desenvolvimento industrial
Inscrições: até 27 de novembro no site www.quadrix.org.br
Salário: varia de R$ 4.442 a R$ 9.105
Taxa: de R$ 60 a R$ 100
Prova: 10 de janeiro de 2010

Menos afetado
O Brasil está entre os países do G20 que registraram menor perda salarial durante a crise financeira, segundo relatório divulgado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT). Os dados indicam que os salários médios mensais no Brasil registraram crescimento de 2,8% em 2008, acima de países como Canadá (2%), Austrália (1,1%) e Grã-Bretanha (0,5%). Apesar disso, os salários brasileiros cresceram menos do que em 2007, quando aumentaram 4,9%, segundo dados da OIT. As maiores perdas foram registradas em países como México (-3,5 %), Japão (-0,9%), África do Sul (-0,3%) e Alemanha (-0,6%).

(JPM - Estado de Minas)

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Executivo falta em audiência sobre regulamentação de aposentadoria especial para servidores

Convidado a participar de audiência pública na Câmara dos Deputados sobre a regulamentação de aposentadoria especial para servidores públicos das esferas federal, estadual e municipal, o Executivo não enviou representante. Tanto o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo, quanto seu secretário-executivo estariam fora de Brasília a trabalho. A audiência, solicitada pelo deputado federal Eduardo Barbosa, aconteceu nesta terça-feira na Comissão de Seguridade Social. O diretor da Condsef, Luiz Henrique Macedo, fez parte da mesa. Nesta quarta, os deputados decidem se encaminham requerimento exigindo presença do ministro Paulo Bernardo para expor opinião do Executivo sobre o assunto. A decisão acontece às 9h30, no Plenário 7, anexo 2 da Câmara. A presença dos servidores é importante para pressionar os parlamentares a tomarem decisão favorável à categoria. (LEIA MAIS ... www.condsef.org.br)

Enviada por Vanda Lucas

Pluricidades Direitos iguas, respeito à diversidade.

5º Pluricidade - 6 de novembro a 11 de dezembro de 2009

A Prefeitura de Vitória, por meio da Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos, convida para a abertura do 5 º PLURICIDADE, uma iniciativa voltada ao exercício da cidadania e ao debate sobre questões de gênero, etnia e pluralidade de pensamento.

06 de novembro de 2009, sexta-feira, das 14h às 20h30
Auditório Zemar Moreira Lima - Prefeitura de Vitória
Av. Marechal Mascarenhas de Moraes, 1927 - Bento Ferreira

Informações - (27) 3382-5444 / www.vitoria.es.gov.br

Programação

Seminário Cidade Plural: Políticas Públicas de Redução de Desigualdades e Promoção de Direitos

14h Abertura

14h30 Martvs das Chagas, Subsecretário de Políticas de Ações Afirmativas da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR

15h40 Tereza Souza, Secretária Adjunta da Secretaria Especial de Políticas Públicas para as Mulheres – SPM
e Maria do Carmo de Menezes, Mestre em Sociologia e Ex-diretora do Serviço de Segurança e Prevenção da Criminalidade na Prefeitura de Champigny-sur-Marne, na França

17h20 Relançamento do livro Fome de Liberdade, de Gilney Viana e Perly Cipriano

18h Nilmário Miranda, Presidente da Fundação Perseu Abramo e Ex-Ministro da Secretaria Especial de Direitos Humanos da Presidência da República

19h10 Homenagem aos Defensores de Direitos Humanos

19h30 Show de Vera da Matta

Realização
Prefeitura de Vitória
Uma cidade melhor para todos
Secretaria de Cidadania e Direitos Humanos