A partir da Ribeira, Natal poderia ter sua "virada cultural"
Neste último final de semana (03 e 04/05) aconteceu em São
Paulo a já tradicional Virada Cultural, evento que durante 24 horas
ininterruptas movimenta a capital paulista através de atividades multiculturais.
Tive a oportunidade há uns três anos atrás de vivenciar um evento desses.
Estava participando de atividade político/partidária em São Paulo e me hospedei
no centro da cidade. Ali, durante aquelas 24 horas, pude assistir e participar
de vários shows musicais dos mais variados estilos, desde o rap, passando por
pagode, sertaneja, pop e música
eletrônica. Exibições teatrais no meio da rua, arte digital e cibernética,
enfim, fiquei fascinado com tanta multiplicidade cultural ali no coração de São
Paulo, a cidade que nunca dorme. Avenida Paulista, Ypiranga, Avenida São João, Vale
do Anhagabaú, Sé, viadutos do Chá e Santa Ifigênia, tudo aquilo pulsava arte,
enriquecida pela variedade de estilos visuais que iam desde o casual, os
mauricinhos, “punks”, regueiros e “rapers”.
Fiquei imaginando a virada cultural aqui em Natal. Talentos
artísticos temos de sobra. Desde as esculturas de Guaracy Gabriel, as performances
de Civone Medeiros, os coletivos teatrais, o Pau e lata, os artistas circenses,
além dos vários grupos musicais de qualidade em seus vários estilos. O espaço
charmoso também temos. O corredor cultural do centro da cidade que vai da
Ribeira até a Praça André de Albuquerque que pra galera alternativa já virou
Praça Vermelha, o Largo do Buiú, na Redinha, a Vila de Ponta Negra, enfim,
espaço é o que não falta.
O que falta, a nosso ver, é a disposição política de se
investir na arte e na cultura como forma de levar o povo a pensar, a se tornar
cidadão crítico. Porém, parece não haver interesse em formar cidadãos com esse
perfil já que isso o levaria a escolher melhor quem o representa e por consequência,
muita gente que está aí, sairia da cena política natalense. Fica o apelo. Apesar
da RaquelRolnik cobrar uma virada cultural “de verdade” em Sampa, para nós, órfãos
de produção cultural efetiva, consistente e de bom gosto, já seria de bom
tamanho a virada nos moldes paulistanos.
Edson Lima,
Professor de Artes Visuais
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