quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

ANTÔNIO FERREIRA. UMA HOMENAGEM MERECIDA


Caros leitores, peço licença para compartilhar com vocês um pouco dos meus sentimentos neste 14 de dezembro.

UM ANO SEM ELE

No dia, 14/12/2011, fez um ano que meu pai se foi. Naquele dia, estava voltando de atividade sindical em Caicó-RN, quando, após o almoço em Acari, recebi um telefonema pelo qual esperava a qualquer momento, mas que mesmo assim me pegou de surpresa. Meu pai acabara de falecer. Foi a viagem mais longa que já fiz na minha vida. Nem as inúmeras caravanas bate-volta que fiz à Brasília foram tão desconfortáveis.

Durante aquela viagem, enquanto observava a seca paisagem do sertão do Seridó, foram passando as lembranças, tal qual num filme visto no extinto Cinema Dois Irmãos em Macau-RN, onde fui pela primeira vez levado por ele para assistir um “faroeste” que o velho adorava. Lembrei das diversas vezes em que me levava a pescar, enfrentando inimigos ferozes como as “mutucas” espécie de moscas gigantes que tinha nos manguezais macauenses. Ao me ver lutando contra os insetos ele dizia: “quer passar por isso quando crescer? Não? Então estude!” Foi assim também no tempo em que trabalhava na construção civil em Natal e costumava me levar nos sábados para “tomar gosto” pelo trabalho. E assim, fui formando meu caráter, me tornando o que sou hoje. Nas sessões de cinema, aprendi o gosto pela arte; dos livrinhos de bang-bang veio o gosto pela leitura que cultivo até hoje. 

Um dia após a data de nascimento de seu ídolo maior, o sanfoneiro Luiz Gonzaga, imortalizada no chorinho “Treze de dezembro”, Seu Antonio se foi. Antônio Tocador, como gostava de chamar meu falecido tio Zé Ribamar. “Tocador não, acordeonista”, costumava responder à provocação do meu tio. Músico autodidata, além de sanfona tocava cavaquinho, bandolim, violão. Técnico em eletrônica, construiu e pôs no ar a primeira emissora de rádio de Macau nos idos de 1968, fato que quase o levou a ser preso pela Polícia Federal e DOPS, naqueles anos terríveis de ditadura. A rádio foi fechada pouco tempo depois pelos órgãos do Governo. Esse é um breve resumo da vida e obra de “Seu Conterrâneo”, como era conhecido por muitos dos seus amigos. 

Ia esquecendo o principal. Se não tivesse seguido os conselhos que ele me dava durante as pescarias, o início dessa história seria outro. Porque, se não tivesse estudado não teria entrado na universidade e consequentemente aquela viagem a Caicó não teria acontecido para mim. Descansa em paz, velho camarada!

Edson Lima
Pós-graduado em Gestão Universitária
Servidor técnico-administrativo da UFRN
Diretor de comunicação do SINTEST/RN

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